Descida do Rio Paiva (Da Ponte de Alvarenga à Praia do Vau)
Achei importante fazer este alerta porque esta aventura não correu como planeado devido, provavelmente, a uma má avaliação do percurso. Com efeito, o organizador tinha incluído crianças e um cão neste percurso. A falta de à vontade do pobre canídeo neste difícil percurso acabou por condicionar fortemente a progressão do grupo, a ponto de triplicar (!!!!!) a duração da descida. Isto para não falar do facto desta aventura se ter provavelmente tornado num suplício para o pobre animal, que não se conseguia arrastar de pedra em pedra, tendo de ser carregado e descido do alto dos penedos que existem no percurso.
Feitas as observações e os alertas, e mudando de assunto para me referir apenas ao percurso, devo dizer que o mesmo é impressionante. Nunca tinha percorrido esta zona do Paiva, e só conhecia a zona abaixo da Ponte de Alvarenga. Essa ponte terá começado a ser construída por volta do ano de 1770, ficando concluída em 1791. Foi determinante na execução desta obra, o facto de um prelado Lamecense, D. Manuel de Vasconcelos Pereira, ter estado em risco de morrer afogado quando tentava atravessar nesse mesmo local do rio numa barca e esta se virou devido as condições do caudal do rio que estava em cheia, no local onde viria a ser edificada a actual construção. A ponte apresenta uma altura de cerca de 20,80m e é em cantaria, tem 2 arcos de volta inteira, sendo o maior destinado ás aguas do rio e o outro para os pescadores. A extensão do vão do primeiro é de 16,40m e do segundo 2,50m. O comprimento total da ponte é de 42 metros e a largura da plataforma da faixa de rodagem 4,33m. Estabelece a ligação entre as freguesias de Canelas, que se situa na sua margem esquerda, e a de Alvarenga que está na direita.
A partir daí destacam-se os enormes penedos que existem ao longo do leito do rio e que exigem um esforço constante para saltar de pedra em pedra. Fiquei impressionado com a quantidade de pequenos peixes que se observava ao longo de todo o percurso. Ao longo da descida, os quatro ou cinco pescadores com quem nos cruzámos são sinal de que vale a pena arriscar descer o leito do Paiva para conseguir uma boa pescada. Também vi vários anfíbios, provavelmente rãs.
Chegámos então à cascata da Aguieira, uma imponente queda de água que se despenha do alto do lugar de Stº António, freguesia de Alvarenga. No entanto, do leito do rio, apenas conseguimos observar uma pequena parte da queda de água. A mesma revela toda a sua beleza e imponência do miradouro natural na margem oposta.
Também é impressionante a quantidade de aracnídeos que vimos. Algumas aranhas aproveitam as rochas para tecer teias enormes aprisionando assim os muitos insectos que por lá andam. Curioso foram as "colónias" de aranhões com patas enormes e corpos minúsculos que vimos em vários locais sombrios.
Ao longo do leito do rio iam aparecendo sinais de poluição que provam que o título de "Rio menos poluído da Europa" é (infelizmente) algo do passado. Uma pena...
Do ponto de vista geológico, é de assinalar as marmitas de gigante que encontrámos nas rochas das margens. Ainda passámos num local com o que aparenta ser um sistema de captação de água e de medição do leito do rio. Pelas marcas nas rochas da margem, facilmente conseguimos observar que durante a época de inverno e das chuvas intensas, o curso do Paiva aumenta uns bons metros.
Finalmente, perto das 15h, alcançámos a praia do Vau, um local muito agradável para uma tarde de calor. Por lá, passam o GR28 e o PR9 da rede de percursos pedestres de Arouca. Refira-se que o plano inicial era ir até à praia da Espiunca, no entanto, devido ao atraso, ficámos pelo Vau.