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Percursos pedestres, caminhadas, pedestrianismo, trekking, trilhos, aventuras, viagens, passeios e descobertas!

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Levada de Piscaredo - PR2 [Mondim de Basto]

23.06.11, darasola

Este foi um pequeno regresso às caminhadas. Aproveitei a organização de um evento nesta zona para voltar às caminhadas com um percurso relativamente simples: o da Levada de Piscaredo (PR2 de Mondim de Bastos), que, tal como o nome indica tem um percurso bastante fácil, pois acompanha uma levada (conduta de água que canaliza o precioso líquido para um local de regadio)

A propósito da levada de Piscaredo, deixo aqui a transcrição das informações históricas que constam do panfleto disponibilizado pela câmara.

 

A construção da Levada de Piscaredo remonta ao século XIII, ainda no reinado de D. Afonso II. Devido à escassez de água, indispensável para a irrigação dos seus campos, os proprietários das terras de Mondim decidiram um dia partir de suas casas rumo às Mestras, confluência dos rios Cabrão com o Cabresto, e só regressaram muitos meses depois, trazendo consigo o precioso líquido. Conta-se a este propósito que outras aldeias disputavam igualmente estas águas, iniciando a levada de baixo para cima. Quando se aperceberam, já os de Mondim traziam a água consigo, conquistando não só o direito às águas, como também um excelente nível para a construção da levada. A Levada primitiva era feita em terra batida, com todos os inconvenientes daí resultantes. Nos anos de 1960/61 foi totalmente reconstruída em lajes de granito, tal como a conhecemos actualmente, através de Concurso Público promovido pelo Estado, que comparticipou a obra, tendo a Associação de Proprietários contraído um empréstimo para o efeito, que foi amortizado ao longo de vinte anos. Ao longo da Levada há cerca de 15 ou 20 nascentes que lhe pertenciam. Hoje, grande parte dessas nascentes já não corre para o rego devido ao desnível resultante das obras efectuadas.O sorteio das andadas, em número de 17 (tantas quantos os proprietários que fizeram a levada), realiza-se a 24 de Junho, dia de S. João, resultando daí o rol que calendariza a utilização das águas, leiloando-se também meio-dia cujo produto reverte a favor das obras de reparação e conservação da levada. A Levada de Piscaredo tinha um “olheiro” que vigiava e repartia as águas pelos regantes e um regulamento próprio, constante das posturas camarárias a partir do século XVIII. Esse regulamento proibia, a título de exemplo, o corte das águas antes dos moinhos de Piscaredo e a obrigatoriedade de deixar correr pelo ribeiro que atravessava Mondim, um caudal de água equivalente à capacidade de uma telha cheia. As referências mais antigas desta Levada denominavam-na de “Levada de Pisqueiredo”. Actualmente parece ter evoluído para “Levada de Piscaredo”, embora as duas versões sejam correctas. 

 

O placard inicial do percurso encontra-se no centro da vila, junto ao parque de Mondim de Bastos.

A placa indica que a levada fica a cerca de 1800m do centro da cila.

No entanto iniciámos a caminhada junto ao parque de campismo local, dirigindo-nos ao encontro do PR.

Passando por locais de vinha, não fosse esta uma zona de vinho verde.

Uma perspectiva sobre o grupo de cerca de 50 caminheiros.

Pouco depois começaram a surgir as primeiras marcações do PR.

Estávamos no caminho certo, pois a levada surgiu logo à frente.

As sinalizações não enganam

Chegámos então aos moinhos de Piscaredo, local para onde era conduzida a água da levada, que, para além de lhes servir de força motriz, servia ainda para regar os campos.

As hortências em flor tornavam o quadro muito bonito. Gostei bastante.

O percurso abandonou então a zona de campos, para iniciar a travessia por florestas de eucaliptos, pinheiros e sobreiros.

Passámos por uma curiosa formação rochosa...

... em que os penedos formavam de forma natural uma espécie de túnel.

A levada é formada por placas de granito (material abundante na região) ligadas por argamassa, com 45cm de largura e 30cm de profundidade. Uma construção fantástica que revela a importância do precioso recurso natural.

Existem pontos onde a levada surge canalizada ou coberta para atravessar estradões, estradas e zonas acidentadas.

Mesmo aqui consegue-se encontrar monos domésticos que as pessoas insistem em depositar no meio da natureza. Incrível!

Aqui, a levada segue quase coberta pela erva nova.

O grupo em filinha indiana. Foram várias as pessoas que começara a sentir algumas tonturas por terem de estar sempre a olhar para o chão, de modo a ver onde punham os pés. Com efeito, a proximidade entre os caminheiros impedia de fazer um "leitura" do terreno, obrigando-nos a estar atentos ao chão.

As marcações em locais já habituais.

De repente, ao virar ligeiramente, lá estava o alto do monte Farinha...

com a capela da Sr.ª da Graça no seu cume.

Um sinal que encontrámos na única travessia de estrada que surgiu no percurso.

A levada passa por baixo.

A direcção era a do Açude das Mestras, onde tem origem uma das captações.

Mais marcações...

Surgem então novas zonas de cultivo com um olival.

Até que alcançámos a ponte de madeira que, se não me engano, surge na Ribeira da Ribeira Velha.

O local é muito agradável e as pessoas aproveitavam a passagem na ponte para apreciar a beleza do local.

Aqui, a levada está construída de forma a "reabastecer" o seu caudal com as águas da ribeira, de modo a manter um fluxo permanente no seu caudal.

A vista para a pequena queda de água, que podemos apreciar no local.

E o percurso continua.

... até alcançarmos uma zona exclusiva de pinhal...

... onde se efectua a recolha da resina.

Uma marcação num cenário pouco habitual.

Alcançámos por fim o local que é apontado como o início do percurso, mas que acabou por ser (quase) o fim, visto que fizemos o trilho ao contrário, seguindo contra a corrente, subindo (ligeiramente) até ao açude de captação.

O açude das mestras que estava mesmo ali ao lado.

Para lá chegar era necessário atravessar uma série de poldras sobre o Rio Cabril, constituídas por 20 blocos, um dos quais ostenta a data de 1890.

Nesta bifurcação encontramos a referência ao ri Cabrão, um curioso topónimo.

Ali estava o Açude das Mestras.

Iniciámos então a subida até à aldeia de Pedreira, onde nos esperava o transporte de regresso.

Este é um percurso extremamente fácil do ponto de vista técnico, ideal para quem, como eu, ainda está a recuperar de uma intervenção cirúrgica. Foram cerca de 12 km, sem desníveis e com as deslumbrante passagens do vale do Rio Cabril.

Boas caminhadas

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