À descoberta da Geira [Gerês-Xurés]
O último destino foi a Geira no Gerês (também conhecida por Via Nova). Para quem nunca ouviu falar na Geira, deixo aqui algumas informações relevantes:
A Via Nova, também conhecida por Geira ou Via XVIII do Itinerário de Antonino é uma estrada romana que ligava duas importantes cidades do Noroeste da Península Ibérica: Bracara Augusta, actual cidade de Braga, em Portugal e a cidade de Asturica Augusta, hoje Astorga, em Espanha.
Esta Via romana ligava estas duas importantes cidades num trajecto de CCXV milhas, aproximadamente 318 km. A Geira, ou Via Nova foi inaugurada, provavelmente, no final do século I d.C., por volta do ano 80, sob a égide de Tito e Domiciano.
Acredita-se que a construção da Via Nova veio reforçar a rede viária romana, conferiu maior mobilidade aos exércitos, permitiu um reordenamento do território e possibilitou uma maior actividade mineira e transição destes bens (sobretudo a circulação do ouro das Minas de Las Medulas, conjunto classificado como Património Mundial da Humanidade).
Em Terras de Bouro, os vestígios arqueológicos são impressionantes: existem mais de 150 miliários, que assinalavam as milhas na Via e davam a conhecer, ao viajante, a distância até à cidade mais próxima. Além dos miliários, em Terras de Bouro é possível vislumbrar vestígios das Pontes Romanas.
O nome original da Via Nova (que pode ser lido em vários miliários que conservam esta inscrição) advém de já haver uma outra via que seguia também de Bracara Augusta para Asturica Augusta. Contudo o seu traçado era bastante diferente, seguindo por Aquae Flaviae (Chaves). Esta Via, com mais milhas do que a Geira, foi catalogada como Via XVII no Itinerário de Antonino.
(Fonte: Wikipédia)
Já tinha tomado contacto com a Geira há uns anos quando fui à Calcedónia, e tinha ficado com água na boca para conhecer o percurso na íntegra. a oportunidade surgiu recentemente. Não foi a pé, mas sim de BTT, no entanto decidi colocar aqui as fotos e alguma informação para quem estiver interessado em percorrê-la a pé.
Iniciámos o percurso em Seramil, no entanto o percurso inicia (pelo que me foi possível encontrar na net) um pouco antes, em Paredes Secas, freguesia de Amares e continua até à Portela do Homem (território português), prosseguindo até Lobios, onde concluímos o percurso com um retemperador banho quente, na "piscina" de água quente natural.
O percurso é fantástico! Fabuloso! Alternando entre zonas de sombra e zonas expostas, trilhos de estradões largos ou caminhos estreitos, fomos progredindo ao longo da Via, sempre com os marcos miliários (marca uma milha) e os painéis informativos com a informação sobre o percurso e os monumentos.
Pelo meio percorremos ainda uma parte do PR9 - Trilho da Geira (trilho com 9 km), encontrámos rebanhos e vacas a pastar, marcos transformados pela religião católica, e sempre a natureza no seu esplendor. Passando por Covide, fizemos uma pausa para almoçar, com vista para o monte da Calcedónia, cujas marcas encontrámos.
Fomos pela aldeia de Campo de Gerês, em direcção à albufeira da barragem de Vilarinho das Furnas (onde o fogo deixou as suas marcas), para, em seguida, atravessar a Mata de Albergaria. Aí, fiquei um pouco desiludido pela quantidade de carros que encontrei e que quase provocaram um engarrafamento. A zona do Rio Homem é fantástica e apeteceu ir a banhos, mas ainda faltava muito até alcançar a fronteira, na Portela do Homem. A ponte sem acesso é curiosa de se ver e deixa no ar a questão de como é que chegou até aí...
Passada a fronteira descemos em direcção a Lobios, no que é o Parque de Baixa Limia Serra do Xurés (Espanha), fazendo um desvio para apreciar as quedas de água da Carga da Frecha, para alcançar finalmente o final do percurso (do dia) na zona das piscinas de água quente.
Foram, no total cerca de 45 km, que proporcionaram uma dia fantástico de contacto com a natureza.
Para quem quiser fazer o percurso a pé, convém estudar o terreno para delinear uma eventual pausa no percurso.
Pela sua beleza, pelo seu valor cultural e histórico ou simplesmente pelo prazer de contactar com a natureza, recomendo fortemente este percurso.
Boas caminhadas
Darasola