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Percursos pedestres, caminhadas, pedestrianismo, trekking, trilhos, aventuras, viagens, passeios e descobertas!

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Linha do Tua (Foz Tua - Brunheda)

13.01.12, darasola

A causa do fim da linha do Tua foi algo que me interessou quando se começou a falar disso. Achei lamentável que se destruísse um património natural e histórico de valor incalculável sob o suposto pretexto da construção de uma barragem que iria reduzir as emissões de dióxido de carbono. Essa teoria já foi refutada por especialistas, denunciando uma negociata da EDP para encher o bolso a custa do consumidor.

A verdade é que as obras continuam e decidi desde então arranjar forma de conhecer esse cenário antes que tal fosse impossível. A oportunidade nunca surgia, mas consegui finalmente visitar o local em outubro 2011.

Sabia através de outros sites que o local onde está a ser construída a parede da barragem, junto à foz, estava condicionado entre o o km 2 e 3 devido às obras. O meu objetivo era percorrer a zona entre Brunheda e Foz Tua, para conhecer a zona que desaparecerá sob as águas. Para não arriscar chegar à zona das obras e não poder concluir o percurso, decidi fazer em sentido inverso, assim, caso não pudesse passar junto à zona das obras, apenas teria que pegar no carro e começar no acesso mais adiante. Foi o que aconteceu...

Início na linha junto à estação de Foz Tua.

Estação de Foz Tua.

O interior da estação está transformado num pequeno espaço museológico.

Uma locomotiva antiga e alguns vagões estão guardados junto àquele espaço.

À esquerda, linha do Douro; à direita, a linha do Tua.

A Foz do Tua e a ponte ferroviária.

Simetrias e reflexos.

Simetrias...

Ao km 1, ainda ia tudo cheio de força.

Ali, junto à ponte, já era bem visível o aparato das obras.

km 2, será que íamos conseguir chegar ao km 3?

Os sinais não deixavam dúvidas de que a travessia estaria comprometida nesta zona.

Em pleno vale, os rebentamentos e os penedos a rolar pelas encostas abaixo foram a prova de que tínhamos de dar meia volta e procurar um plano b.

O cenário de destruição.

Ainda seguimos pelo viaduto das Presas até ao túnel para, pelo menos, observar o que ainda resta da paisagem.

Dentro do túnel das presas. Colocaram umas tábuas que facilitam o percurso pela linha nesta zona. Se assim fosse ao longo da linha, a tarefa seria muito mais fácil, mas não teria a mesma piada. No fim do túnel, voltámos para trás.

Não restou alternativa senão regressar ao ponto de partida. Íamos um pouco frutrados, verdade seja dita, mas a beleza da paisagem protegida do Douro reconfortou-nos.

Regresso à estação e hora de optar pelo plano b.

Pegámos no carro e seguimos até à aldeia mais próxima adiante da zona das obras. Eram duas as alternativas: Fiolhal ou Tralhariz. Optámos por esta última, pois não sabíamos se Fiolhal não estaria dentro da área abarcada pelas obras e pelo perigo de explosões.

Em Tralhariz, deixámos o carro perto de uma casa de turismo rural e pedimos algumas informações quanto ao percurso até à estação com o mesmo nome. Se há uma estação com o nome da aldeia é porque certamente tem um acesso até lá, certo? Certo!

Pois não... O caminho existiu, mas como quase não é usado, o acesso (na sua parte final) quase nem se vê. Iniciámos a descida da aldeia até à linha com a perspetiva da zona das obras como se vê na foto acima.

Daqui a uns anos, isto tudo estará cheio de água.

Seguimos então pelo caminho antigo que desce a encosta, num desnível de cerca de 500 m altitude, que demorou muito mais do que esperávamos.

O caminho e o vale.

Esta zona é inteiramente de vinha e existe uma quinta lá ao fundo, que obviamente ficará submersa.

Uma zona de olival.

Algumas amendoeiras.

Finalmente lá se começou a ver a linha. Parecia tão próxima, mas a progressão estava a ser muito longa.

É impressionante ver o trabalho de construção dos socalcos da vinhas do Douro. É realmente um património da humanidade e é de lamentar que esta barragem venha pôr isto tudo em risco.

Medronhos.

Os últimos 30 metros até à linha foram complicados e tivemos de saltar umas barreiras e atravessar a vegetação, mas lá chegámos finalmente à linha. Finalmente, não! Afinal a caminhada começava apenas agora!

Vista para o rio, que, nesta altura do ano (outubro), levava pouca água, sinal de que o verão fora bem quente.

Lá alcançámos a estação de Tralhariz. É curioso pensar na distância que separa a estação da localidade que serve. Quando a linha funcionava em pleno, apanhar o comboio era certamente uma tarefa bem dura.

Uma estranha mensagem na linha.

Chegada ao túnel de Tralhariz.

Um túnel relativamente curto (99m)

Na encosta de lá do rio, um pequeno ribeiro corria serra abaixo desenhando, aqui e ali, linhas brancas na paisagem cinzenta.

25?

Ao km 7.

"A"?

Sobreiro junto à linha.

Túnel das Fragas Más I

A saída.

Seguindo a luz.

Este é um local bem particular: o viaduto das Fragas Más é testemunha do esforço dos construtores da linha para fazer passar ali um comboio. Como não havia aonde passar, foi necessário construir este viaduto reforçado com uma estrutura de base em betão.

Túnel das Fragas II

Olhando para trás, facilmente se percebe que a construção do viaduto naquelas fragas deve ter sido uma empreitada complicada.

Uma testemunha silenciosa do correr do rio e do passar do tempo, agora com os dias contados.

Pelo caminho ainda nos cruzámos com outros caminheiros. Estes vinham em sentido inverso com partida de Mirandela e pernoita no percurso.

Lá ao fundo existe uma pequena praia fluvial.

Estação de Castanheiro.

Dois cogumelos?

A linha e o rio sempre presente.

Túnel da Falcoeira.

No interior, encontrámos alguns primos do Batman...

Ora está lá...

Ora já não está.

Este penedo estava no meio da linha como se tivesse sido colocado por lá propositadamente. Acredito que tenha sido o resultado de mais um desmoronamento, pois apesar de parecer pequeno, deve pesar umas boas centenas de quilos.

A primeira perspetiva da ponte de Paradela.

A ponte encontra-se em excelente estado de conservação. É realmente lamentável vê-la a ser desaproveitada.

Observámos, ao longe, umas estranhas formações rochosas na margem do rio.

Alcançámos então o local onde ficámos impressionados perante o perigo que representavam os desmoronamentos para a segurança desta linha.

Felizmente que havia estes cabos de aço para aguentar o desmoronamento, mas mesmo assim a linha acabou por sofrer com isso.

Os carris ficaram visivelmente afetados. No entanto, soube que existem sistemas de segurança que permitem controlar o bom estado da via, para confirmar se a viagem pode ser feita em segurança. Apesar disso, se estiver no sítio errado, na hora errada, não há sistema que valha... mas isso também não é o que acontece com os carros? A falta de segurança apresentada como argumento para o encerramento é obviamente uma justificação inválida.

A linha com vista para a aldeia de Amieiro na outra margem, onde se destaca a sua igreja.

Devia existir em tempos um sistema de cabos que permitiam transportar mercadorias de uma margem para outra.

Uma passagem de nível.

Alguém deve tê-los perdido todos.

Aqui chegámos à zona da estação de Stª Luzia, que parece ter sido uma importante estação nesta linha.

A zona principal da estação ainda se encontra em ótimo estado.

A parede do armazém anexo à estação está pintada em "trompe l'oeil". O que parece ser uma porta e duas janelas não passa de uma pintura.

Uma rocha que impressiona pelo seu tamanho e imponência e, principalmente, sobre a segurança do seu equilíbrio.

Este é o local que marca a cota de expropriação, ou seja, tudo o que estava antes passa a ser da barragem, cujas águas devem chegar apenas até aqui.

Salva-se assim a estação de S. Lourenço, mas tudo o que viram até aqui perder-se-á irremediavelmente.

Mais umas curiosas marcas nas rochas.

A estação de Tralhão apresenta sinais visíveis de degradação. Afinal vão colocar debaixo de água o que está bom e o que fica fora da água está neste estado?

O dia estava a chegar ao fim e ainda não tínhamos alcançado Brunheda. O sinal que esperávamos era o de uma ponte nova que estava a ser construída, provavelmente, uma das tais compensações prometidas pela EDP. Sabíamos que quando a víssemos, estaríamos quase a chegar ao fim. Com cerca de 20 km nas pernas, já merecíamos um bom descanso.

O vulto imponente da ponte não deixa de causar alguma estranheza no meio de um cenário de natureza quase intocada, como é o vale do Tua.

Toneladas e toneladas de betão.

A passagem junto a este pilar foi um dos momentos mais perigosos do percurso. Os operários andavam a atirar objetos, lixo e restos de barras de ferro desde o alto da obra, o que representava uma ameaça à nossa segurança. Lá fomos gritando para pararem com isso até sermos ouvidos.

Depois de terem parado, atravessámos a zona por baixo do estaleiro a correr e com uma forte sensação de insegurança. Mesmo assim, acabou por correr tudo bem.

Esta era a ponte já existente e sabíamos que a estação de Brunheda estava logo ali à frente. A partir desta zona, o rio parecia sair do vale profundo e fechado, enquanto a paisagem se abria e dava lugar a um leito mais largo.

A foto não engana, chegáramos ao km 21.

Chegada à estação de Brunheda onde estava o outro veículo que tínhamos deixado por lá previamente.

No total, foram cerca de 24 km percorridos sobre carris, com um calor que não seria de esperar para esta altura do ano.

Sinto-me um privilegiado por ter podido percorrer este trilho antes que desapareça e lamento que as gerações futuras não cheguem a conhecê-lo.

Este é um sentido adeus ao Tua.

Boas caminhadas

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Frecha da Mizarela (Up & Down... ou será Down & Up?)

05.01.12, darasola

Deixo aqui um pequeno registo de um agradável (mas duro) regresso à Frecha da Mizarela, aquela que é a mais alta queda de água de Portugal continental.

A descida faz-se junto ao miradouro, primeiro seguindo a estrada que desce para a aldeia da Ribeira e depois seguindo pelo início do PR7.

Abandonando a estrada, o trilho segue para a esquerda, até que vira na direção oposta. Aí, basta abandonar o PR marcado e seguir sempre a descer por um trilho que é facilmente identificável.

Basta seguir o som da água até alcançar as várias lagoas que existem no fundo da queda de água.

A água convidava mesmo a um mergulho...

A vista do fundo da queda de água é sempre impressionante, no entanto com um mês de Outubro anormalmente quente, leito do rio Caima estava bastante abaixo do habitual e a queda de água não tem o caudal impressionante que tem durante o inverno.

Facilmente se pode ver as zonas que costumam estar cobertas de água.

É possível subir pelo lado direito da queda de água, bem junto à parede.

Existe um pequeno trilho que é perigoso, mas que permite a subida sem ser necessário material especial.

A subida é feita sempre entre a vegetação e a parede rochosa.

Olhando para trás, lá ao fundo corre o rio e as lagoas. Do lado esquerdo vê-se a estrada e o início do trilho e do lado direito fica o miradouro.

Olhando para Sudoeste, para onde corre o rio em direção ao mar.

Esta zona era até há poucos anos bastante arborizada, com belos pinheiros, no entanto infelizmente aqui também o fogo fez das suas.

A zona tem agora um aspeto um pouco desolador, com os vestígios dos pinheiros cortados deixados para trás. Esperemos que a natureza recupere depressa.

Pouco depois estavamos no planalto, junto a estrada e à ponte sobre o mesmo rio que se despenha serra abaixo.

O percurso é relativamente curso (cerca de 3km), mas tem diferenças de altitude bastante acentuadas e não é recomendável a pessoas com vertigens.

Boas caminhadas

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