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Passadiços do Rio Paiva - Arouca

03.02.16, darasola

Os passadiços do Paiva...

O que dizer que ainda não foi dito sobre o percurso mais falado de 2015?

Tantos elogios e tantas críticas foram feitas a esta obra ambiciosa e faraónica, que trouxe a Arouca a maior enchente de sempre para percorrer este troço de 8 km lineares pelas escarpas do rio Paiva. As vistas são fantásticas e a paisagem é fabulosa, isso toda a gente concorda, mas há a outra face da moeda. O curso do rio Paiva é uma zona especial do ponto de vista ambiental e exige cuidados especiais para preservá-la. Não vou retomar aquele argumento que ainda se ouve de que o rio Paiva é um dos mais limpos da Europa. Não é! Já deve ter sido, mas infelizmente já não é. Mas, ainda assim, é um tesouro especial a cuidar por fazer parte da Rede Natura 2000. Partilhar esse tesouro com quem percorre os passadiços é uma forma de o dar a conhecer, para que saibam o seu valor e a sua riqueza, e para que percebam que é frágil e que é preciso preservá-lo. Infelizmente, há quem não saiba apreciar o que lhe é oferecido, mesmo que seja um dos mais requintados pratos gourmet.

Foi isso que aconteceu com os passadiços do Paiva. Foi uma invasão de quem não sabe apreciar a beleza da natureza e (pior ainda) não a sabe preservar. Foi invadido por pessoas que não sabiam sequer ao que iam: senhoras de saltos altos, pais com carrinhos de bebés, família com crianças pequenas que nunca deveriam estar sob o sol mais intenso do meio dia. Não podem dizer que foi por falta de informação pois esta está ao alcance de qualquer um através do site oficial : http://www.passadicosdopaiva.pt

Foi invadido por imbecis que não tinham mais que fazer do que pintar as rochas com publicidades a estabelecimentos comerciais, ou rabiscar a madeira com o seu nome e a data em que visitaram o local, porque não sabem que na natureza não se deve deixar marcas para além das pegadas. Pessoas que preferem atirar garrafas vazias ou beatas para a natureza, queixando-se por não haver cinzeiros ou caixotes do lixo ao longo do trilho, em vez de levarem consigo o seu próprio lixo.

Acredito que quem idealizou este percurso não imaginava que viria a ter tanto sucesso e tanto impacto (200 000 visitantes em 2 meses, com uma média de cerca de 7000 visitas diárias). Essa deve ter sido a principal falha. Os incêndios que o atingiram, em especial o de 7 de setembro 2015, viriam a dar razão aos cépticos que criticavam a obra por ser um risco e de risco. O caos nos acessos ao nível do estacionamento também foi algo que não deve ter sido devidamente equacionado e que deveria ter sido planeado, quer para facilitar a vida dos habitantes locais, quer por questões de segurança.

Acredito que há males que vêm por bem. O incêndio que destrui uma parte do percurso e levou ao seu encerramento pode levar a uma reformulação do "conceito" e a uma correção dos erros. Pelo menos assim espero. A reabertura está prevista para este mês de fevereiro 2016, com um sistema de reserva online, limitando os visitantes a 3500 pessoas por dia, criando infraestruturas (estacionamento extra e casas de banho). A visita passará a ser paga (1 euro por pessoa), um preço que até considero baixo, tendo em conta a necessidade de controlar as visitas. Não me importo de pagar para visitar locais que valem a pena, tal como este. É uma forma de criar empregos na região e também permite que sejam feitos investimentos na zona.

A ver vamos o que reserva esta segunda fase dos passadiços do Paiva.

Feita esta introdução em forma de página de opinião, passo à parte habitual da descrição do percurso.

Os passadiços do Paiva são um percurso que seguem o curso do rio pelas escarpas acidentadas do Paiva, entre os lugares de Espiunca e de Areinho, onde existem praias fluviais.

COMO CHEGAR:

O acesso faz-se passando pelo centro da vila de Arouca e seguindo em direção a Alvarenga. Para ajudar, basta percorrer a avenida principal da vila, passar diante do mosteiro até ao cimo da avenida, até encontrar o edifício da câmara municipal. Aí, basta virar à esquerda para Alvarenga e passados 9 km encontram o cruzamento para Espiunca. Pode optar por seguir por mais 3 km até encontrar o corte para o Areinho, onde está a outra extremidade do percurso.

CARATERÍSTICAS DO PERCURSO:

Convém recordar as caraterísticas do percurso: é um trilho linear, o que quer dizer que são cerca de 8 km para cada lado. Para regressar ao ponto de partida é obviamente necessário percorrer outro tanto, perfazendo um total de 16 km. Grande parte do percurso faz-se em área exposta, o que quer dizer que não há sombras para proteger do sol e do calor que se faz sentir no pico do verão. Na maior parte do trilho, o rio está inacessível e corre lá ao fundo, bem fora do alcance, para azar de quem pretende refrescar-se. Mesmo nalguns sítios onde é possível chegar ao rio, o acesso é complicado e pode ser perigoso. Contudo, existem 3 praias fluviais ao longo do curso: apenas uma (a do Areinho) pode ser considerada uma praia oficial, já que tem infraestruturas preparadas (bar, estacionamento, casas de banho e vigilante na altura balnear). As outras duas (o Vau e a Espiunca) possuem areais naturais mas não tem edifícios de apoios (embora isto esteja a mudar). Esta situação é uma das que está a ser corrigida e provavelmente será alterada aquando da reabertura de fevereiro 2016.

O rio corre do Areinho, passando pela zona da Ponte de Alvarenga, a praia do Vau até à Espiunca, e segue o seu curso passando pelo concelho de Castelo de Paiva até desaguar no Douro. Assim, apesar da diferença de altitude entre as extremidades do Areinho e da Espiunca não serem grandes, convém recordar que do Areinho até à Espiunca o sentido é descendente (e logicamente ascendente em sentido contrário), para poder escolher o melhor sentido para percorrer o trilho.

O principal obstáculo do percurso é a zona da Garganta do Paiva, onde o trilho se afasta do rio em duas enormes escadarias que vencem o desnível das escarpas. A zona é crítica para quem não estiver fisicamente preparado (idosos e crianças) em especial em alturas de maior calor. Contudo o esforço vale a pena: a recompensa é uma vista de cortar a respiração sobre a cascata das Aguieiras e a Garganta do Paiva. No pico do verão, a cascata das Aguieiras é uma pequena linha de água, mas no inverno corre com a pujança que as chuvadas lhe dão.

Ao longo do percurso passamos por locais assinalados como locais especiais, em especial para as modalidades de águas bravas (rafting, kayak, etc.), como o rápido da Parede, o rápido do Salto, o rápido das Escadinhas, o rápido dos 3 saltinhos, onde existem miradouros especiais. Também acabamos por encontrar locais de relevo geológico como a falha da Espiunca ou a garganta do Paiva, que constituem geossítios do Arouca Geopark.

Recomendações:

Não deixe de conhecer este percurso, pois será certamente um dos mais bonitos do país, no entanto esteja preparado para o que vai encontrar. Planifique com tempo, faça a reserva no site oficial para a sua entrada e venha com um espírito aberto para apreciar e valorizar esta dádiva da natureza. Respeite-o acima de tudo, perserve-o, não o danifique e não deixe lixo nenhum local.

 

NOTA: A reabertura fez-se a 15/02/2016 e é necessário fazer uma reserva mediante pagamento de 1€ por pessoa, tal como previsto. Mais informações no site oficial : http://www.passadicosdopaiva.pt

 

Deixo aqui fotos ao longo do percurso tiradas no sentido ascendente (Espiunca - Areinho)

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Entrada junto à ponte de Espiunca, com o painel informativo.

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Placa descerrada na inauguração.

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Ao longo do trilho encontrámos vários painéis informativos relativamente à fauna e à flora existente nesta região.

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Encontramos uma pequena escadaria para transição de patamares. Nada de cansativo, o pior está para vir.

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Uma parte intermédia do trilho é feita por um caminho florestal bastante monótono. O percurso é assinalado com poste de madeira na margem do trilho.

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A diversidade nas rochas.

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Existem ponto de contacto SOS (como nas autoestradas) para eventuais situações de emergência. Não são nada estéticos, mas a sua função e a segurança está acima de tudo.

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O passadiço serpenteia junto às escarpas, moldando-se às formas das encostas.

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Uma verdadeira varanda pregada na escarpa.

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Varanda sobre o rio.

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Arbustos típicos dos matos mediterrânicos.

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A zona atingida durante o primeiro incêndio antes da inauguração.

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A zona da gola do Salto.

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O miradouro sobre a zona do salto.

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O mesmo miradouro noutra perspetiva.

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Vista a partir do miradouro do rápido da parede.

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Painel informativo sobre os aspetos geológico.

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Esta zona é completamente exposta ao sol e muitos aproveitavam esta pequena sombra oferecida por uma azinheira.

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As borboletas e as suas plantas hospedeiras.

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Posto SOS junto à ponte sobre a ribeira de Canelas. Junto a este local, é possível observar alguma ruínas de moinhos abandonados.

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Chegada à zona da Praia do Vau, onde se pode observar o areal natural.

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A ponte construída junto à queda de água da foz do ribeiro do Fontão.

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A solução é de gosto discutível e pessoalmente acho que tiraram o encanto à zona da cascata.

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Para além disso, o acesso ficou facilitado para abusos como o acampamento selvagem da foto acima, ou o acesso a scooters, na foto mais acima. Espero que isto venha a ser melhor controlado.

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Caloptérix de Portugal.

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Chegada à zona da já famosa ponte suspensa. Muita gente não percebe a razão desta ponte, no entanto, o seu principal propósito é para permitir a travessia do percurso de grande rota de Arouca , o GR 28. Até então, a travessia era inexistente e complicava a realização do mesmo, como podem ver no meu relato.

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A regras para a travessia, que vi serem sistematicamente ignoradas.

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A vista a partir da outra margem.

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A partir do Vau, o curso do passadiço é bastante mais protegido pelas árvores.

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A prioridade está para quem já existia antes: a rocha.

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Os fetos ao longo do percurso.

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Ziguezagueando

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Uma das mais belas perspectivas sobre o varandim na escarpa.

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Mais uma pequena escadaria.

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Biologia e geologia do percurso.

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Por entre as árvores, conseguimos ver a muralha que a imponente escadaria nos levará a vencer.

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Um labirinto em escadas.

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as primeiras escadas do início da subida para a garganta do Paiva.

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Olhando para trás.

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Vista para a garganta do Paiva, com a cascata das Aguieiras

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A paisagem é fantástica e mesmo perante a grandeza da escadaria, verificamos que é muito, muito pequena perante a imensa garganta do Paiva.

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As espécies ameaçadas.

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Já perto da subida da escadaria.

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Passado uma semana depois da inauguração, já se encontrava esta tábua partida.

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A perspetiva da maior escadaria do percurso.

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A obra é impressionante.

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Sobe, sobe!!!

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Já a meio.

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Há quem aproveite a sombra para recuperar forças para o resto da subida.

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Uma sombrinha para repousar!

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Uma patamar de observação.

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Mais um pouco até ao miradouro da garganta do Paiva.

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A vista para a cascata das Aguieiras, que era uma mera linha de água.

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Voltamos a encontrar uma parte feita em estradão de terra batida.

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Esta parte tem cerca de 1 km e é sem dúvida a parte menos interessante. Esta zona vai ser substituída para a reabertura dos passadiços por uma nova escadaria, quer permitirá evitar esta parte.

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Reencontramos o passadiço e o início da outra escadaria que nos leva até à ponte de Alvarenga.

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Iniciando a descida.

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A vista sobre o rio e a estrada em cada uma das margens.

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A ponte de Alvarenga.

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Já a chegar à ponte. É necessária alguma cautela na travessia da estrada para o outro lado do passadiço.

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Vista sobre o rio.

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A outra perspetiva sobre a ponte de Alvarenga e a escadaria.

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O último (ou primeiro) dos painéis informativos.

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O painel da entrada junto à praia do Areinho.

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Mapa do percurso.

 

Ficha técnica: 

Distância: cerca de 8 km (16 km ida e volta)

Tempo: 2h30 (5h ida e volta)

Tipo: linear

Dureza física: 3/5

Dificuldade técnica: 1/5

Beleza do Percurso: 5/5

Marcação: n/a

Informações sobre o percurso: http://passadicosdopaiva.pt/

Outros sites de relevo: http://www.geoparquearouca.com/

Panfleto oficial: aqui

Trilho GPX: aqui

Ponto positivos: o rio Paiva, as suas paisagens, a beleza do percurso

Pontos negativos: o excesso de visitantes, o caos dos acessos, o impacto ambiental das pessoas