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Percursos pedestres, caminhadas, pedestrianismo, trekking, trilhos, aventuras, viagens, passeios e descobertas!

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Caminito del Rey - Málaga - Espanha

21.01.18, darasola

A história do Caminito del Rey é um pouco semelhante à da Ruta del Cares e está ligada à construção de acessos para a construção de uma central hidroelétrica num rio - neste caso o Guadalhorce - que atravessa um desfiladeiro. A sua construção fez-se entre 1901 e 1905 para permitir o transporte de materiais e circulação de operários na construção da barragem (entre 1914 e 1921). Em 1921, o rei espanhol Afonso XIII visitou o local para a inauguração da barragem Gaudalhorce-Guadalateba, o que acabou por dar origem ao nome "Caminito del Rey". O tempo encarregou-se de degradar a segurança das passarelas de cimento ao mesmo tempo que aguçava o apetite dos fãs de adrenalina e o epíteto de "caminho da morte" ou "caminho mais perigoso do mundo" começaram a cruzar as fronteiras. Ciente do interesse crescente e do valor turístico do local, a deputacion de Málaga iniciou obras de restauro em 2014 criando um "produto" turístico de destaque a nível internacional que abriu ao público em março 2015. Já ouvia falar do Caminito del Rey há vários anos, ainda do tempo em que o acesso tinha sido proibido devido às mortes que ocorreram. É claro que ficou sempre debaixo de olho e restava apenas aparecer uma oportunidade para ir até lá. Esteve para ser no verão 2016, mas acabou por ser no ano seguinte, até porque a entrada é paga e é necessário fazer a reserva antecipada através do site oficial (http://www.caminitodelrey.info). Não é nada fácil arranjar bilhete, pois aparece sempre tudo esgotado, mas lá se conseguiram bilhetes (Modo visita guiada).

Já agora ficam aqui os valores dos bilhetes:

Preços 2017/18): visita livre (10 € pax), visita com guia (18 € pax). Recomendo que comprem logo o bilhete de autocarro (1.55 € pax) junto com o bilhete da visita, pois o percurso é linear e existe um serviço oficial de shuttle para nos levar de volta à zona de partida.

O Caminito del Rey segue o curso do rio num percurso de 7,7 kms dos quais 4,8 kms são de acessos (caminhos em terra batida/rocha) e 2,9 kms pelos famosos passadiços suspensos. O percurso é simplesmente fantástico, com paisagens impressionantes e sempre com muita segurança, aliás, tudo é tão seguro e controlado que quase elimina a adrenalina. Penso que mesmo não deve haver qualquer problema para quem sofre de vertigens, pois existe sempre proteções laterais de segurança altas.

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O carro ficou junto à barragem do Conde de Guadalhorce.

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Atravessámos o paredão da barragem, com pormenores bem interessantes e água com um azul turquesa fascinante.

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O outro lado do paredão.

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Há 2 acessos para chegar ao início do percurso: por um trilho junto ao rio de 2,7 km...

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ou o acesso superior de 1,5 km cujo início se faz por um túnel. Optámos pela maneira mais original e mais curta por uma questão de gestão de tempo.

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Depois de passar o túnel, a vista sobre o vale do rio Guadalhorce.

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O trilho ainda passa por mais um túnel de acesso.

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Chegados ao local da bilheteira, é necessário esperar pelo horário de entrada (cada bilhete tem hora de entrada marcada). São distribuídos capacetes a todos os visitantes e os intercomunicadores (apenas para as visitas guiadas) e iniciámos o percurso passando junto ao embalse de Gaitanejo e à antiga central.

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Assim que o caminho faz a curva e avistamos o primeiro "cañon" - o desfiladeiro de Gaitanejo - ficamos impressionado pela paisagem por onde nos íamos aventurar.

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Para entrar na zona dos passadiços, passámos outra porta de segurança, por isso quem tiver ideias de se aventurar por conta própria pode desistir.

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No fundo do desfiladeiro, o rio, que mais parecia um ribeiro, corria calmamente e parecia incapaz da proeza de ter esculpido aquele caminho impressionante montanha adentro.

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Entramos finalmente nos famosos passadiços de madeira cravados na parede e suspensos nas alturas.

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O desfiladeiro alarga e deixa visível parte da conduta da água que abastecia a central.

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Olhando para trás.

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O percurso segue por cima do muro da antiga conduta de água (à direita).

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O passadiço zizagueia ligeiramente para vencer o desnível nesta zona.

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O desnível visível com os dois níveis de passadiços.

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Do outro lado do vale, a linha de comboio (em funcionamento) perde-se nas entranhas da montanha.

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Mais à frente na zona do Tajo de las palombas, encontramos um pequena ponte bastante degradada que terá sido usada pelo rei Afonso XIII para terminar a sua visita ao Caminito. Segundo a guia que orientou o grupo onde estávamos, o rei nunca terá percorrido a totalidade do percurso. Atravessou ali o vale para entrar no comboio que o esperava para regressar aos seus aposentos reais.

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Entrámos então no Valle del Hoyo, um vale amplo com vegetação típica das montanhas em zona mediterrânica. 

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As sombras foram bem-vindas.

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Seguindo junto à antiga conduta.

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Começamos então a avistar a entrada do último e mais impressionante desfiladeiro do Caminito: o Desfiladero de los Gaitanes.

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Os caminheiros pareciam dirigir-se para a boca de um gigante.

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O percurso chega mesmo a seguir pela própria conduta da água.

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A entrada de uma gruta foi tapada e serve de refúgio a espécies locais de morcegos.

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Olhando para trás, para a entrada do novo passadiço.

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Do outro lado do vale, a secção visível por onde espreita a linha de comboio impressiona e leva-nos a pensar no esforço necessário para furar a montanha com a tecnologia existente na altura (Séc. XIX).

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Na escarpada parede é bem visível a sobreposição do passadiço de cimento original com o novo passadiço por cima.

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Conseguem ver a pessoa no miradouro de chão de vidro sobre o vazio?

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Passadiço sobre passadiço. É impressionante!

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Nalgumas secções do passadiço, consegue-se ver perfeitamente partes do caminho antigo que ruíram.

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Vidas suspensas nas alturas.

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Existe uma cavidade na parede que permite ver o Caminito em lados opostos. Na outra margem do rio, o túnel por onde passa o comboio.

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Já perto do final da zona dos passadiços, encontramos uma estrutura que parece uma ponte, mas na verdade trata-se da travessia da conduta de água na ponte-aqueduto de Ribera.

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A foto cria a ilusão de que as pessoas estão a passar por cima do aqueduto, mas não.

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Foi criada um ponte suspensa mesmo ao lado do aqueduto e é por aí que se faz a passagem para a parede oposta, 35 m de um lado ao outro.

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A ponte suspensa abana um pouco e o fundo metálico permite ver o rio a correr beemmmm lá ao fundo, pois estamos a 105 m de altura.

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Na outra parede, o Caminito continua cravado na rocha suspenso bem alto acima do solo.

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Acabamos por sair do desfiladeiro...

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... e seguir pela parede fora em direção à linha férrea.

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Uma autêntica gaiola metálica.

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Passámos por cima da linha de comboio.

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À medida que nos vamos afastado da montanha, percebemos realmente a proeza que foi construir aquele passadiço suspenso na parede.

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Mal se consegue perceber onde estão as pessoas ao longo do passadiço.

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Quanto mais nos afastamos, mais temos a noção do quanto a montanha é imponente.

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O caminho leva-nos a alcançar cerca de 2 km depois a localidade de El Chorro. Antes de chegar lá, encontramos uma casa que marca o fim do percurso e onde deixamos os capacetes das visitas. Em El Chorro, existe uma estação de comboio, que pode ser uma alternativa para se deslocar até ao Caminito, e bem perto a paragem dos autocarros onde estava o shuttle que nos levaria de regresso à zona da partida.

 

Ficha técnica: 

Distância: 7,7 km

Tempo: 4 h

Tipo: linear

Dureza física: 1/5

Dificuldade técnica: 1/5

Beleza do Percurso: 5/5

Marcação: n/a

Informações sobre o percurso

Ponto positivos: paisagens e vistas ao longo do percurso

Pontos negativos: nada a assinalar

Nota: Está em construção um centro de acolhimento ao visitante que à data de hoje (Janeiro 2018) está concluído (o edifício) mas que ainda não foi inaugurado. No futuro, será provavelmente o melhor local para se dirigir em busca de informação (Coordenadas N 36º 54.919 W 004º 48.434)

 

 

Percurso pedestre do Aqueduto da Água da Prata - Évora

01.01.18, darasola

O Aqueduto da Água da Prata é uma obra de engenharia imponente do séc XVI, que servia para o abastecimento de água à cidade. Com 18 km de extensão percorrendo a paisagem típica alentejana, liga a zona da Herdade do Divor até à Praça do Giraldo, bem no centro histórico da cidade. Aproveitei uma ida ao Alentejo para conhecer este percurso pedestre criado com o objetivo de valorizar este património único. O trilho tem a vantagem de poder ser feito a pé ou de BTT e acompanha o percurso feito pela água nesta estrutura centenária. Esta parecia ser uma nova descoberta promissora e agradável, mas acabou por ser uma tarde desagradável devido aos "encontros imediatos" com os nossos "amigos" de 4 patas. O aqueduto passa ao longo de várias propriedades privadas guardadas por cães de grande porte e se em algumas zonas as vedações eram eficientes e apenas ficámos sujeitos a ouvi-los ladrar de forma ameaçadora, noutros locais conseguiram facilmente furar pelas redes e tentaram atacar-nos. Entendo a necessidade dos donos protegerem a sua propriedade com cães, mas sendo um percurso "público" é fundamental que seja seguro para todos. Para além disso, existem algumas rampas de madeira ao longo do trilho que estão bastante danificadas. A entidade responsável (a câmara municipal de Évora) deve urgentemente rever estes aspetos.

Fora isso, o percurso em si é interessante, cruza zonas de paisagens tipicamente alentejanas e alterna entre zonas onde o aqueduto está enterrado, outras onde está à superfície e outras ainda onde está elevado e sustentado por arcos imponentes.

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Acessos à zona inicial do percurso pedestre.

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Acesso entre cercas de propriedades privadas onde o gado (não se vê nas fotos, mas andava lá) pasta livremente.

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O aqueduto está enterrado nesta zona.

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A presença do aqueduto é facilmente identificável pelas "caixas de visita", que servem para a limpeza dos detritos sólidos que  a água leva.

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Início da zona em que o aqueduto fica exposto.

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O início do trilho mais "estreito" está assinalado com a grelha que impede que o gado entre pelo percurso.

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A partir daí o trilho acompanha o aqueduto numa estreita faixa para a passagem.

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O aqueduto acompanha as linhas de nível para levar a água pela força da gravidade até ao seu destino.

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Uma das rampas referidas, que estava sem uma tábua e com a madeira a dar sinais de não aguentar muito peso.

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Uma passagem superior para acesso à propriedade do outro lado.

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Na zona do Ribeiro de Pombal existe uma construção sobre arcos -  conhecida como Cano Alto - para a travessia sobre o ribeiro.

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Não dá para perceber pela densa vegetação da zona, mas o ribeiro corre ali por baixo.

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Uma passagem inferior.

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Uma zona mais larga para permitir o acesso a veículos à propriedade agrícola do outro lado.

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Mais uma zona onde o aqueduto passa num nível superior sustentado por arcos.

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Depois desta zona, o aqueduto alcança a estrada Évora - Arraiolos, o que nos obriga a seguir ao longo da estrada durante algumas centenas de metros. Pouco depois saímos da berma da estrada e entramos nos caminhos agrícolas perto do convento de S. Bento de Cástris.

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A malha urbana dos arredores de Évora estava a ser alcançada.

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E alcançámos novamente a estrada R114-4 que liga a Arraiolos junto à parte mais alta do aqueduto, onde encontramos um painel informativo sobre o percurso pedestre.

Ainda fizemos um pequeno desvio para vermos o Convento da Cartuxa...

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... onde os monges vivem em clausura. O aqueduto passa logo à entrada e daí não passamos.

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Seguimos então pela ciclovia que passa mesmo em frente em direção ao centro da cidade.

 

Ficha técnica: 

Distância: 8,5 km

Tempo: 2h30

Tipo: linear

Dureza física: 1/5

Dificuldade técnica: 1/5

Beleza do Percurso: 2/5

Marcação: n/a

Informações sobre o percurso

Outros sites de relevo

Panfleto oficial

Trilho GPX

Ponto positivos: património histórico e arquitectural do aqueduto

Pontos negativos: ataques dos cães, necessidade de manutenção de algumas zonas do percurso