Tebaida Berciana - Vale del Silêncio - Peñalba de Santiago
Foi por mero acaso que ouvi falar da Tebaida Berciana. Folheava um jornal diário quando um artigo me chamou a atenção acerca do alerta da Unesco para as 10 paisagens naturais/culturais mais ameaçadas. Eram regiões localizadas um pouco por todo o planeta e a mais próxima era em Espanha: a Tebaida Berciana.
Também referida como Tebaida Leonesa, essa região foi declarada "paisagem pitoresca" e reconhecida como bem de interesse cultural, e localiza-se na zona de Ponferrada (Comarca del Bierzo - León - Castilla y León). A nível histórico, esta região caracteriza-se por ter sido escolhida a partir do Séc. IV por vários ermitas cristão para retiro espiritual. Também foi sede de vários mosteiros e igrejas como o de S. Pedro do Monte e a de Peñalba de Santiago. Do ponto de vista natural, a região é de enorme beleza, com bosques frondosos de castanheiros e carvalhos ancestrais.
Peñalba de Santiago é uma pequena aldeia pitoresca localizada nesta região que foi distinguida como "Uno de los pueblos más bonitos de España". A estrada para lá chegar é longa e tortuosa, mas vale bem a pena, pois a aldeia é um encanto. As casas tradicionais estão todas em perfeito estado e fácil perder a noção do tempo a percorrer as ruelas da aldeia observando os traços típicos da arquitetura tradicional medieval, como as varandas de madeira e os telhados de lousa. A Igreja medieval de estilo Mozárabe é o principal monumento, mas na verdade toda a aldeia acaba por ser um monumento.
Esta aldeia é também um ponto de acesso para o Vale do Silêncio, um vale situado nos montes Aquilanos de grande beleza e que é possível descobrir por um percurso circular de 14,5 km. Isso não estava na ementa do dia, mas não queríamos deixar a aldeia sem ter um pequeno vislumbre da beleza do Vale do Silêncio, por isso decidimos fazer um pequeno passeio até à Cueva de San Genadio, uma pequena gruta natural no flanco da montanha, onde segundo a lenda o santo se recolhia para meditar.
Entrada na zona da Tebaida Berciana.
À entrada de Peñalba de Santiago, a placa que assinala o facto da aldeia ser "uno de los puéblos más bonitos de España".
Os carros não entram na aldeia. Há um estacionamento disponível à entrada da aldeia para deixarmos os carros e percorrermos as ruelas tranquilamente.
A ruela principal.
Existe um pequeno restaurante/café, mas pelo que percebemos apenas servem almoço por encomenda.
Chegada à Igreja Moçárabe de Peñalba de Santiago, que se encontrava fechada.
Uma bela casa de arquitetura medieval perfeitamente restaurada.
Todas as casas da aldeia estão em perfeito estado.
"É melhor voltar atrás do que perder-se no caminho" - sábias palavras.
A vista para os monte aquilanos.
A única indicação que encontrámos no centro da aldeia referente à Cueva.
Seguimos essa direção em direção às montanhas.
O dia de outono estava fantástico.
Uma fonte à saída da aldeia.
Finalmente encontrámos placas de sinalética dos vários percursos que por ali existem.
e lá estava a indicação da Cueva de S. Genadio.
Castanheiros ancestrais.
Uma curiosidade: o cemitério da aldeia fica bem distante do centro da aldeia e da sua igreja.
O outro lado do vale.
Vista para o Vale do Silêncio.
A calma e tranquilidade do lugar fazem jus ao nome que lhe foi dado: Vale do Silêncio.
Mais um cruzamento com abundância de sinais.
Uma pequena ponte para a travessia da linha de água, que ia quase seca.
Olhando para trás, mal se consegue perceber as construções da aldeia por entre as cores de outono.
Na direção da Cueva.
Mais uma pequena ponte.
Começamos a subir ligeiramente até ao largo onde fica a cueva.
O interior da cueva ...
... com o altar a S. Genadio.
A vista a partir da cueva para a aldeia de Peñalba de Santiago.
Já no regresso, seguimos por um caminho diferente daquele por onde tínhamos vindo e descemos mais no vale da aldeia.
Entramos numa zona mais densamente arborizada com castanheiros enormes.
Ainda pudemos observar este amiguinho fugidio.
Um colmeal.
O caminho passou então para uma zona mais rural, com alguns campos de cultivo ainda abaixo da aldeia.
A vista para o monte onde se situa a cueva.
A subida até voltar à aldeia foi um pouco longa e penosa, com o sol de outono a aquecer e a intensificar o nosso esforço, mas o passeio com cerca de 5 km valeu bem a pena. Ficamos curiosos por conhecer um dia o trilho que leva à descoberta dos montes Aquilanos.