Caminito del Rey - Málaga - Espanha
A história do Caminito del Rey é um pouco semelhante à da Ruta del Cares e está ligada à construção de acessos para a construção de uma central hidroelétrica num rio - neste caso o Guadalhorce - que atravessa um desfiladeiro. A sua construção fez-se entre 1901 e 1905 para permitir o transporte de materiais e circulação de operários na construção da barragem (entre 1914 e 1921). Em 1921, o rei espanhol Afonso XIII visitou o local para a inauguração da barragem Gaudalhorce-Guadalateba, o que acabou por dar origem ao nome "Caminito del Rey". O tempo encarregou-se de degradar a segurança das passarelas de cimento ao mesmo tempo que aguçava o apetite dos fãs de adrenalina e o epíteto de "caminho da morte" ou "caminho mais perigoso do mundo" começaram a cruzar as fronteiras. Ciente do interesse crescente e do valor turístico do local, a deputacion de Málaga iniciou obras de restauro em 2014 criando um "produto" turístico de destaque a nível internacional que abriu ao público em março 2015. Já ouvia falar do Caminito del Rey há vários anos, ainda do tempo em que o acesso tinha sido proibido devido às mortes que ocorreram. É claro que ficou sempre debaixo de olho e restava apenas aparecer uma oportunidade para ir até lá. Esteve para ser no verão 2016, mas acabou por ser no ano seguinte, até porque a entrada é paga e é necessário fazer a reserva antecipada através do site oficial (http://www.caminitodelrey.info). Não é nada fácil arranjar bilhete, pois aparece sempre tudo esgotado, mas lá se conseguiram bilhetes (Modo visita guiada).
Já agora ficam aqui os valores dos bilhetes:
Preços 2017/18): visita livre (10 € pax), visita com guia (18 € pax). Recomendo que comprem logo o bilhete de autocarro (1.55 € pax) junto com o bilhete da visita, pois o percurso é linear e existe um serviço oficial de shuttle para nos levar de volta à zona de partida.
O Caminito del Rey segue o curso do rio num percurso de 7,7 kms dos quais 4,8 kms são de acessos (caminhos em terra batida/rocha) e 2,9 kms pelos famosos passadiços suspensos. O percurso é simplesmente fantástico, com paisagens impressionantes e sempre com muita segurança, aliás, tudo é tão seguro e controlado que quase elimina a adrenalina. Penso que mesmo não deve haver qualquer problema para quem sofre de vertigens, pois existe sempre proteções laterais de segurança altas.
O carro ficou junto à barragem do Conde de Guadalhorce.
Atravessámos o paredão da barragem, com pormenores bem interessantes e água com um azul turquesa fascinante.
O outro lado do paredão.
Há 2 acessos para chegar ao início do percurso: por um trilho junto ao rio de 2,7 km...
ou o acesso superior de 1,5 km cujo início se faz por um túnel. Optámos pela maneira mais original e mais curta por uma questão de gestão de tempo.
Depois de passar o túnel, a vista sobre o vale do rio Guadalhorce.
O trilho ainda passa por mais um túnel de acesso.
Chegados ao local da bilheteira, é necessário esperar pelo horário de entrada (cada bilhete tem hora de entrada marcada). São distribuídos capacetes a todos os visitantes e os intercomunicadores (apenas para as visitas guiadas) e iniciámos o percurso passando junto ao embalse de Gaitanejo e à antiga central.
Assim que o caminho faz a curva e avistamos o primeiro "cañon" - o desfiladeiro de Gaitanejo - ficamos impressionado pela paisagem por onde nos íamos aventurar.
Para entrar na zona dos passadiços, passámos outra porta de segurança, por isso quem tiver ideias de se aventurar por conta própria pode desistir.
No fundo do desfiladeiro, o rio, que mais parecia um ribeiro, corria calmamente e parecia incapaz da proeza de ter esculpido aquele caminho impressionante montanha adentro.
Entramos finalmente nos famosos passadiços de madeira cravados na parede e suspensos nas alturas.
O desfiladeiro alarga e deixa visível parte da conduta da água que abastecia a central.
Olhando para trás.
O percurso segue por cima do muro da antiga conduta de água (à direita).
O passadiço zizagueia ligeiramente para vencer o desnível nesta zona.
O desnível visível com os dois níveis de passadiços.
Do outro lado do vale, a linha de comboio (em funcionamento) perde-se nas entranhas da montanha.
Mais à frente na zona do Tajo de las palombas, encontramos um pequena ponte bastante degradada que terá sido usada pelo rei Afonso XIII para terminar a sua visita ao Caminito. Segundo a guia que orientou o grupo onde estávamos, o rei nunca terá percorrido a totalidade do percurso. Atravessou ali o vale para entrar no comboio que o esperava para regressar aos seus aposentos reais.
Entrámos então no Valle del Hoyo, um vale amplo com vegetação típica das montanhas em zona mediterrânica.
As sombras foram bem-vindas.
Seguindo junto à antiga conduta.
Começamos então a avistar a entrada do último e mais impressionante desfiladeiro do Caminito: o Desfiladero de los Gaitanes.
Os caminheiros pareciam dirigir-se para a boca de um gigante.
O percurso chega mesmo a seguir pela própria conduta da água.
A entrada de uma gruta foi tapada e serve de refúgio a espécies locais de morcegos.
Olhando para trás, para a entrada do novo passadiço.
Do outro lado do vale, a secção visível por onde espreita a linha de comboio impressiona e leva-nos a pensar no esforço necessário para furar a montanha com a tecnologia existente na altura (Séc. XIX).
Na escarpada parede é bem visível a sobreposição do passadiço de cimento original com o novo passadiço por cima.
Conseguem ver a pessoa no miradouro de chão de vidro sobre o vazio?
Passadiço sobre passadiço. É impressionante!
Nalgumas secções do passadiço, consegue-se ver perfeitamente partes do caminho antigo que ruíram.
Vidas suspensas nas alturas.
Existe uma cavidade na parede que permite ver o Caminito em lados opostos. Na outra margem do rio, o túnel por onde passa o comboio.
Já perto do final da zona dos passadiços, encontramos uma estrutura que parece uma ponte, mas na verdade trata-se da travessia da conduta de água na ponte-aqueduto de Ribera.
A foto cria a ilusão de que as pessoas estão a passar por cima do aqueduto, mas não.
Foi criada um ponte suspensa mesmo ao lado do aqueduto e é por aí que se faz a passagem para a parede oposta, 35 m de um lado ao outro.
A ponte suspensa abana um pouco e o fundo metálico permite ver o rio a correr beemmmm lá ao fundo, pois estamos a 105 m de altura.
Na outra parede, o Caminito continua cravado na rocha suspenso bem alto acima do solo.
Acabamos por sair do desfiladeiro...
... e seguir pela parede fora em direção à linha férrea.
Uma autêntica gaiola metálica.
Passámos por cima da linha de comboio.
À medida que nos vamos afastado da montanha, percebemos realmente a proeza que foi construir aquele passadiço suspenso na parede.
Mal se consegue perceber onde estão as pessoas ao longo do passadiço.
Quanto mais nos afastamos, mais temos a noção do quanto a montanha é imponente.
O caminho leva-nos a alcançar cerca de 2 km depois a localidade de El Chorro. Antes de chegar lá, encontramos uma casa que marca o fim do percurso e onde deixamos os capacetes das visitas. Em El Chorro, existe uma estação de comboio, que pode ser uma alternativa para se deslocar até ao Caminito, e bem perto a paragem dos autocarros onde estava o shuttle que nos levaria de regresso à zona da partida.
Ficha técnica:
Distância: 7,7 km
Tempo: 4 h
Tipo: linear
Dureza física: 1/5
Dificuldade técnica: 1/5
Beleza do Percurso: 5/5
Marcação: n/a
Ponto positivos: paisagens e vistas ao longo do percurso
Pontos negativos: nada a assinalar
Nota: Está em construção um centro de acolhimento ao visitante que à data de hoje (Janeiro 2018) está concluído (o edifício) mas que ainda não foi inaugurado. No futuro, será provavelmente o melhor local para se dirigir em busca de informação (Coordenadas N 36º 54.919 W 004º 48.434)