Drave - PR14 - Aldeia Mágica - Sra da Saúde
Voltar a Drave é sempre especial. Não é por acaso que esta aldeia é chamada de mágica. O regresso foi marcado para uma data em particular, para poder assistir à festa da Sra da Saúde, padroeira da aldeia. Nessa data especial, a aldeia ganha o fôlego que o tempo lhe foi tirando e enche-se de vida. Várias dezenas de pessoas entre escuteiros, descendentes dos Martins da Drave, ou simplesmente pessoas que se apaixonaram pela aldeia voltam para a singela festa religiosa em honra da Sra da Saúde. Abrem-se as portas da capela alva e limpa-se o pó das figuras religiosas. Foi aliás a primeira vez que entrei na capela, que até parece maior por dentro do que é por fora. Por ser impossível albergar no interior todos os que ali estão, o "altar" para a cerimónia é colocado cá fora. E é ali que todos esperam pelo pároco, que chega visivelmente suado e com o rosto avermelhado. É fácil encontrar alguém que diz ter nascido naquela casa, que não passa agora de um monte de pedras. Outros dizem que vieram de propósito do estrangeiro para voltarem ali nesta data para honrar a família com origens na Drave. Muitos escuteiros aguardam com alegria e conversas o início da cerimónia, nesta que é uma segunda casa para eles. É ali, num equilíbrio periclitante, com um pé numa rocha e outro noutra mais alta, ou simplesmente sentados no chão, que muitos ouvem o sermão do padre. A dada altura, vestem-se as opas que cobrem os ombros dos que carregam os andores da procissão, erguem-se as bandeiras com as figuras religiosas e alinham-se os andores para a pequena procissão. Da capela até à cruz alta, percorrem-se poucas centenas de metros, numa cadência marcada pelos ritmo lento dos passos e com os olhares no chão para verem onde colocar os pés neste trilho irregular. Chegada à cruz, a fila volta para regressar à capela e as pessoas apertam-se para permitir a passagem nos dois sentidos. Os que regressam, deitam um olhar para o precipício à sua direita e outro para a capela na outra margem do ribeiro. Esse mal se vê, resultado da seca que o país viveu, mas a travessia da pequena ponte lembra que ele pode tornar-se um obstáculo. Terminada a cerimónia e dada a bênção, os grupos separam-se à procura de um sombra para merendar. Escolhemos um prado e a sombra de um castanheiro junto ao ribeiro da Drave, que mais parece uma calçada de seixos, com algumas poças aqui e ali, onde peixes e rãs temem pelo futuro. Com a tarde a avançar, é preciso fazer-se ao caminho porque o regresso ainda é longo e duro: 4 km até à aldeia de Regoufe. Muitos partem com a certeza de voltar no próximo ano, mas disso ninguém tem a certeza.
Partida em Regoufe
Ruas da aldeia de Regoufe
Uma típica aldeia serrana beirã.
A subida depois de Regoufe
A vista para as "garras" da Serra da Arada
A vista para a aldeia. O grande incêndio de 2016 deixou marcas na paisagem com muitas árvores queimadas.
A vista para a capela de porta aberta
O altar principal da capela
Detalhe do interior da capela
Durante a missa
A procissão saindo da aldeia
O irregular caminho da procissão
Os vários andores da procissão
Chegados à cruz alta, a procissão regressa em direção à aldeia
Terminada a cerimónia, viemos para junto da ribeira da Drave que encontrámos neste estado.
Mais parece uma estrada em calçada.
Aqui e ali, algumas poças de água iam persistindo, aguardando o regresso da chuva e da força das águas.
Boas caminhadas
darasola